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  • Foto do escritorPatrícia e Rafaela

CRÍTICA: Bacurau

Atualizado: 30 de mai. de 2020

Quem nasce em Bacurau é gente


Um dos filmes mais comentados de 2019, Bacurau é dirigido e roteirizado por Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Um longa-metragem que fala sobre memória, sobre presente e sobre futuro. Aqui, no roteiro, não vemos o conceito “intriga da predestinação’, pois ao completar 30 minutos de filme rodado, é natural nos questionarmos “sobre o que é exatamente esse filme?” visto que não é possível uma antecipação sobre o que irá vir na segunda metade do longa.



A trama acontece no sertão nordestino, mais precisamente no oeste de Pernambuco, com toques de surrealismo, evidencia uma cultura por meio de diversos elementos, como os diálogos, por exemplo. É fácil perceber que se propõe a mostrar o contraste entre pobreza e tecnologia, mesmo que, tablets, televisões, internet e celulares façam parte da vida dos moradores. O contraste aparece aqui: também vemos a espera pelo caminhão pipa girando em torno da necessidade de água, comida e remédios. Narra um nordeste futurista que busca mostrar as relações desiguais entre metrópole e colônia, por meio do grupo de estrangeiros que surge na obra com o objetivo de caçar os habitantes locais. O que segue depois disso, é uma carnificina. Mas ainda, é possível ver humor - piada - no terceiro ato, já que a natureza das mortes do lado dos invasores são mais impactantes, um tanto quanto “tarantinescas”.


Um filme que traz violência estilizada, e traços maniqueístas ao falar de política. Vemos vingança coletiva que dá o respaldo à uma trama sem plausibilidade, de fato. Não podemos falar que Bacurau se trata apenas de nordestinos ou sertanejos, em meio às metáforas, vemos um brasil imerso a uma desigualdade social e política. Oprimido vs opressor, aqui não restam dúvidas!



Pensando na técnica, o filme possui uma costura suave e forte, com transições incomuns no cinema, vemos fluidez na montagem de Eduardo Serrano. É curioso como o longa-metragem não se enquadra em nenhum gênero específico, traz uma intertextualidade que, digamos, combina com o brasil. Aqui também precisamos destacar efeitos visuais, desenho sonoro, narrativa e fotografia.


Transformações e ressignificações fazem da história de Bacurau, algo curioso, traz dúvidas, e, somente no fim, nos cabe refletir de forma ampla a obra que acabamos de assistir. Vencedor do prêmio do Júri em Cannes 2019, Bacurau se torna um dos melhores filmes nacionais da atualidade.


Um beijo!


Patrícia Lourenço




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