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  • Foto do escritorPatrícia e Rafaela

CRÍTICA: Elefante

Atualizado: 13 de mai. de 2020

Filme de Gus Van Sant cita a questão armamentícia e se encaixa como uma luva no Brasil de hoje


A abordagem de temas como bullying na adolescência, padrões de beleza, homossexualidade e armamento, se mostram de forma não sensacionalista e corriqueira no filme do diretor Gus Van Sant, Elefante (Elephant, 2003) premiado em Cannes e Palma de Ouro. O filme até pode não ser lançamento, mas a questão armamentícia tratada no longa, nunca fez tanto sentido se compararmos ao Brasil de hoje.

A obra cinematográfica, Elefante, recria o episódio trágico de Columbine nos EUA que ocorreu em 1999. O filme é assustador e maravilhoso ao mesmo tempo. Um dos diversos aspectos que desperta atenção no longa, é a sua construção narrativa inesperada que foge da linearidade de acontecimentos convencionais, a mesma cena é vista através de vários ângulos, perspectivas e personagens diferentes. Para quem assiste, a impressão é a de estar espiando cada cena e as vivenciando juntamente. A narrativa pode ser considerada simples, mas, a forma como é abordada traz uma grandeza e complexidade ao roteiro.


O filme começa seguindo o primeiro personagem em plano sequência e o mesmo, segue até o fim da obra, logo é dividido em capítulos apresentando cada personagem e permanece mantendo o mesmo padrão. Outro ponto interessante é como os atores não precisam necessariamente ter uma relação, há poucos diálogos no filme e as cenas nos passam uma realidade de uma dia normal no High School americano. Mas ao mesmo tempo, sutilmente nos é apresentado mini temas que chegam ao episódio trágico e final do filme.


O filme de Van Sant tem movimentação de câmera e mise-en-scène em belíssima sintonia e, em conjunto com o plano sequência, a trilha do Beethoven vem para refinar e dramatizar no ponto certo. É possível analisar signos através da linguagem visual de Elefante, como por exemplo, um dos personagens veste um moletom escrito salva-vidas, quando na verdade ele não salva nenhuma vida, apenas se encaixa em um estereótipo de adolescente popular junto com sua namorada, o que nada mais é do que um possível sarcasmo. Ainda há respeito dos possíveis signos, no filme há desenhos de elefante no quarto do personagem que sofria bullying e que pôs fim ao fim do filme.


A intenção de Elefante não é debater os temas presentes na obra ao longo do filme, tanto que aborda de forma rasa a parte psicológica dos fatos, mas busca trazer um sentimento de reflexão ao espectador, a partir de cada vítima dessa história. Fica muito claro que um dos aspectos importantes a ser analisado em Elefante, é o fato de que os adolescentes podem ser cruéis e como eles possuem um sentimento de buscar pertencer e se encaixar nos grupos sociais. A obra cinematográfica, sem dúvidas é filme para ser refletido. Pronto para cutucar e levantar perguntas, e no final do filme, nos deixa em meio a um fim estrondoso com tom macabro, mas, de certa forma calmo ao som de Beethoven.


Beijos, Patrícia L.

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