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  • Foto do escritorPatrícia e Rafaela

OSCAR 2019: A Esposa

Atualizado: 30 de mai. de 2020

Filme levanta aspectos históricos que retratam a realidade de muitas histórias vividas por mulheres, mas também, de realidades atuais

Premiada no Globo de Ouro como Melhor Atriz em cinema, Glenn Close, ministra seu talento (tem de sobra) e acaba por roubar a cena no filme. Baseado no livro homônimo de Meg Wolitzer, “A Esposa” do diretor Björn Runge, traz o escritor Joe (Jonathan Pryce) bem-sucedido que recebe uma ligação com a informação de que acabara de ser escolhido para receber o Nobel de Literatura por suas obras aclamadas. Escrito dessa forma até parece que o filme é sobre ele, mas não. A esposa do escritor Joan Castleman (Close), protagonista da obra, o acompanha junto de seu filho para a Suíça onde acontece maior parte da história.

O longa intercala a história com alguns flashbacks importantes para a compreensão do que está por vir. A Esposa, é um filme que possui uma grande violência, aquela mascarada, mais difícil de perceber. O casal ampara mentiras e ao mesmo tempo fingem estar tudo certo. Os olhos de Joan Castleman são cobertos de tristeza e apreensão. E para isso existe motivo, no decorrer do filme é fácil perceber que algo está errado na história, e logo, por meio das cenas do passado como lembranças descobrimos que todos os livros de prestígio de Joe, na verdade, foram escritos por ninguém mais, ninguém menos do que a esposa, e esse segredo, exerce um efeito brutal sobre Joan.


A parte monótona no filme corresponde aos aspectos técnicos, sem nada de espetacular, apenas os closes, o filme passa, o filme acontece sem grandes imagens. Até os closes feitos em Glenn Close, são interessantes pois a atriz trouxe em sua atuação expressões que te fazem esquecer que é uma atriz encenando. A direção vai bem, mas precisamos falar sobre o roteiro e tudo o que a história representa.


No filme, temos a história de uma mulher que ocupa a segunda posição, mas ao ocupar, ela vê dessa posição sua própria escolha. É importante perceber que a personagem é o resultado de uma modelo de sociedade que é dominada no masculino. Bourdieu chama de sociedade androcêntrica em seu livro “A dominação masculina”, a dominação citada não é exatamente sobre homem ou a mulher, mas está em todos os aspectos da sociedade. Um exemplo disso no longa: a Joan Castleman pensava em ser escritora no passado, mas percebeu que para fazer sucesso como mulher é necessário ter um determinado perfil, ser uma mulher transgressora, o oposto da personagem.

Esse filme levanta aspectos históricos que retrata a realidade de muitas histórias vividas, mas também, de realidades atuais. E justamente por abordar de maneira tão sutil o narcisismo de Joe e a sagacidade e inteligência disfarçada de Joan, A esposa, nos traz uma mensagem avassaladora e atual. Quem olha de fora a relação do casal, não enxerga nada além de uma relação incrível, composta por uma esposa devota e cuidadosa e um marido brilhante, apaixonado que aparentemente sempre a coloca em primeiro lugar. O discurso no fim do filme em que temos Joe agradecendo o apoio de Joan apenas para amansar seu ego e consciência pois é feito a contragosto de sua esposa que não deseja holofotes, é de uma agressão absurda, porém desconhecida por aqueles que o assistem.


Sem dúvidas, apesar de não possuir aspectos técnicos diferenciados, este é um filme que vale a pena ser assistido. Com brilhantes atuações e uma mensagem relevante, A Esposa, assim como sua personagem título, representa muito mais do que aquilo que aparenta. Beijos, Patrícia L.

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